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Crato

Esta vila, situada na província do Alto Alentejo, distrito de Portalegre, 22 quilómetros a oeste desta cidade, tem uma história muito antiga. Foi fundada pelos cartagineses, há mais de 2.500 anos. Os romanos conquistaram-na 60 anos antes de Cristo remodelando o castelo existente segundo a sua concepção táctiva, estabelecendo nele uma forte base militar e um forte centro político e administrativo. Destruída pelos vândalos, a fortaleza foi restaurada em 413 pelos Âlanos que, então, aqui se instalaram. Ao tempo, já o Crato era bispado e o seu nome era Castraleuca ou Castra-Leuca que no transcurso dos séculos e por corrupção, passou a denominar-se Ucrate ou Crate e, por fim, Crato. Nas actas do "Concílio Iliberitano" celebrado no ano 300 na cidade de Andaluza de Elvira, encontram-se as assinaturas de três prelados lusitanos, um dos quais era o bispo castraleucense, Secundino. No ano de 582 voltou a ser tomada, sendo desta vez os Visigodos os seus novos senhores. No ano de 706 os Mouros, no ímpeto da sua avançada vitoriosa através de toda a Península, apoderaram-se dela, ficando sobre o domínio Muçulmano durante 454 anos, até que em 1160, D. Afonso Henriques, a conquistou, para jamais deixar de ser terra portuguesa. Episodicamente, em 1662, caiu em poder de D. João de Áustria, que lhe pôs cerco, encontrando, porém, desesperada resistência, que muito o surpreendeu e irritou. As suas muralhas formavam um hexágono irregular, com uma torre em cada ângulo.



Conquistada a praça, finalmente, pois tinha uma pequena guarnição, foram enforcados por ordem do general espanhol, o governador André de Azevedo e Vasconceles e o sargento-mór, Gonçalo Chaves. Aqui se havia refugiado a rainha D. Leonor, viúva de El-Rei D. Duarte, quando em 1440 as cortes confiaram a regência ao Infante D. Pedro, durante a menoridade de D. Afonso V. Fora da vila, a muito pequena distância, encontra-se o antigo Convento de Santo António, que foi de frades franciscanos e hoje é o hospital da Santa Casa da Misericórdia. Em 1232 o rei D. Sancho II doou-a à Ordem dos Hospitalários, sendo prior, Mem Gonçalves, que deu o primeiro foral à vila, no mesmo ano. Esta Ordem, estabeleceu-se em Portugal no tempo de D. Afonso Henriques, em Leça, arredores do Porto, tendo sido o seu primeiro prior, um irmão do rei. Porém, em tempo de D. Afonso IV, por volta de 1335, sendo Mestre da Ordem D. Álvaro Gonçalves Pereira, foi a sua sede transferida para o Crato, passando ele e os seus sucessores a usar o título de Prior do Crato. Assim, se estabeleceu aqui, a capital do priorado que possuía vinte e três comendas e as seguintes terras e seus termos: Crato, Amieira, Belver, Cardigos, Carvoeiro, Sertã, Envendos, Oleiros, Gáfete, Tolosa, Pedrogão Pequeno e Proença-a-Nova. O rendimento anual do priorado, no século XIV, era de quarenta e cinco contos de réis. O Grão-Prior do Crato tinha poder espiritual e temporal, com jurisdição episcopal, motivo pelo qual não estava subordinado a prelado algum. Do Crato partiu o Prior com os cavaleiros da sua Ordem, a tomar parte na batalha do Salado, servindo a Fé, a Pátria e o Rei. Foi portanto, D. Álvaro, o primeiro Prior do Crato. Os componentes da comunidade, eram frades batalhantes- guerreiros e monges- e tinham votos de humildade, pobreza e castidade, o que não impediu D. Álvaro de ser progenitor de trinta e dois filhos. Para instalação da Ordem, mandou edificar no sítio de Flor da Rosa- arrabaldes do Crato- o Mosteiro, que passou a ser, desde então, a Casa-Mater daquela Ordem em Portugal. Foi o Grão- Prior, pai de D. Nuno Álvares Pereira. O Crato orgulha-se desta ligação com o nosso Santo Condestável. A partir do século XVI a Ordem do Hospital passou a denominar-se Ordem de Malta, nome que ainda hoje conserva. Em 1512 teve a vila novo foral, dado por El-Rei D. Manuel. O Crato gozava de voto em Cortes, com assento no banco nº 12.



Fonte: http://aaccrato.no.sapo.pt/cratohst.htm